Já recebi emails de leitoras que reclamam dos maridos, dizem estar cansadas do casamento e perguntam, na lata: “você acha que eu devo me separar?” Olha, não poderia responder isso nem para minhas amigas mais próximas.
E eu seria ainda mais leviano se atestasse à distância o fim de um relacionamento. Cabe a cada um achar essa resposta – na verdade, a maioria só quer confirmar aquilo que já sabe. Para isso, não precisam de mim, mas colocar esse amor à prova e descobrir se é apenas uma crise passageira ou se desandou de vez.
Acho que tudo se resume a encontrar a distância ideal. Promovam uma readaptação na convivência de vocês para ver o que acontece.
Em geral, jovens apaixonados não se largam e fazem tudo juntinho – às vezes, a melação é tanta que causa náuseas nos amigos. Mas não dá para viver de ilusão para sempre. Conforme se conhecem melhor, é natural ambos precisarem de mais espaço. É como um vinho, que deixamos “respirar” um pouco antes de servir, para ganhar em aroma e paladar.
Quando a vida conjugal não vai muito bem, é hora de testar o quanto vocês ainda se curtem e sentem falta um do outro. Uma coisa é ser unido. Outra, bem diferente, é colidirem. Rompa com alguns estereótipos românticos. Quem acha que casais felizes sempre dormem de conchinha nunca ficou com o braço formigando nem acordou mastigando cabelo. Na vida real, homens e mulheres se digladiam durante o sono. Um ronca e é sonâmbulo, o outro se mexe demais e fala sonhando. Ela é friorenta, ele, calorento. Vai ter sempre coberta de mais e de menos.
Talvez uma cama maior já seja o suficiente. Mas não tenham medo de parecerem antiquados propondo camas separadas. Alguns casais têm até quartos separados, pois cada um costuma ter sono em um horário e dormir melhor com um determinado nível de claridade. Se, ao experimentar essa individualidade na hora de descansar, vocês passarem a valorizar mais os momentos de intimidade a dois, nem tudo está perdido.
Há casos bem mais radicais. Tem gente que, mesmo casada, opta por cada um ter sua própria casa e é muito feliz assim. Aliás, conheço casais que fizeram essa escolha até depois de já terem dividido o mesmo teto. Claro, nenhum deles tem filhos. E a maioria dos familiares e amigos estranhou esse regresso aos tempos de namoro. Eles, porém, não encaram isso como uma imaturidade e sentem-se bastante comprometidos. Não perguntei se ainda dividem as despesas.
Pessoalmente, sou contra relacionamentos à distância. Mas também já vi funcionar provisoriamente com casais de longa data. Quando surgiu uma irrecusável oportunidade profissional para um deles em outra cidade (em um dos casos, em outro país), o parceiro deu total apoio. Talvez fazer esse sacrifício, sabendo que não poderão se ver sempre, ajude a descobrir a verdadeira força dessa relação. Ciúmes é um medidor ruim nessas horas, pois é movido pelo egoísmo. Por outro lado, se bater saudade, vontade de dividir suas experiências com o parceiro, o fogo está aceso.
Agora, a meu ver, o melhor método para sacar se um casal ainda tem alguma chance é largar tudo e viajar juntos. Não um fim de semana com um churrascão em família. Algo mais longo e incomum, viagem de férias mesmo. Afastados da rotina, sem poder se apoiar nos amigos ao redor e nem se esconder por trás dos afazeres de cada um, vocês poderão contar apenas um com o outro. Natural se rolarem briguinhas. Casais que nunca discutem podem estar deixando de conversar sobre algo. O problema é não saber tratar esses desentendimentos e nunca chegar a uma conclusão. Se vocês não tiverem talento para conviver nem mesmo por um mês sozinhos, talvez o ciclo tenha mesmo chegado ao fim.
Fonte: Revista nova escrito por Alex Xavier
Ivanete Knaepkens
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