sexta-feira, 27 de julho de 2018

Porque as Brasileiras são obcecadas por cirurgias plásticas?


O Brasil é o segundo país onde mais se realiza cirurgia plástica, perdendo apenas para os Estados Unidos. 
Mas a imposição do ideal de um corpo perfeito aliada às facilidades de realizar esse tipo de procedimento são também responsáveis pelas frequentes mortes de mulheres, vítimas de operações malsucedidas. 
Mas o que leva as brasileiras a arriscarem suas vidas em troca de seios, nádegas ou até mesmo púbis considerados perfeitos?

A busca de uma perfeição inalcançável
Fran Reis é a autora do blog “Meus lindos e pagos”, que criou com o objetivo da ajudar as mulheres que querem realizar cirurgias plásticas. No espaço, ela decidiu reunir depoimentos bem-sucedidos ou não de mulheres que passaram por diversos procedimentos estéticos, além de dicas e conselhos para ter uma boa experiência e procurar um bom profissional. A iniciativa deu tão certo que a versão do blog no Instagram reúne 200 mil seguidores, além de 52 mil no Facebook.
A própria autora de “Meus lindos e pagos” passou por uma cirurgia plástica, em 2010, quando colocou próteses de silicone nos seios. À RFI, Fran contou que essa parte do corpo nunca a satisfez e a decisão de realizar o procedimento foi avaliada durante anos, junto à busca de um profissional qualificado. Um trabalho de reflexão que percebe que nem todas as brasileiras fazem quando decidem realizar uma operação estética.
“Nem sempre o corpo está adequado para o ideal criado no imaginário das mulheres. Muitos dos problemas resolvidos com a cirurgia podem ser corrigidos na academia, por exemplo. Mas vai ser mais difícil, você vai ter que malhar e muita gente quer facilidade, não considera as dificuldades do pós-operatório, só quer que fique bonito e acha que vai ser simples”, diz.
Entre boa parte das mulheres que se submetem a procedimentos, Fran Reis nota “uma busca da perfeição, que é inalcançável”. “Tem brasileira que faz uma cirurgia por ano e nunca está satisfeita com seu corpo”, lamenta.
A blogueira não tem dúvidas de que o fenômeno é um reflexo da imposição de um padrão de beleza, aliado aos gostos do parceiro. “Entre as mulheres que conheço, poucas realizam cirurgias para sua satisfação pessoal”, afirma. “Mas é preciso que elas estejam conscientes de que é a saúde e a vida delas que está em jogo”, salienta.
Ditadura da beleza para mulheres e homens
De acordo com dados da Isaps, 86,2% das cirurgias plásticas no mundo são realizadas por mulheres. O aumento de seios continua sendo a cirurgia plástica mais realizada (15,8%) entre os 2,5 milhões de procedimentos por ano, seguidos da lipoaspiração (14%) e da cirurgia de pálpebra (12,9%).
De acordo com Marcelle Jacinto da Silva, o corpo feminino é cada vez mais explorado e hipersexualizado no Brasil. “As mulheres são intensamente bombardeadas pelas normas sociais. Há toda uma obrigação de elas serem vaidosas, cuidarem do físico, de manter uma imagem e as mulheres são alvo deste fenômeno”, afirma.
Mas se engana quem pensa que os homens escapam da ditadura da beleza. A doutoranda lembra que a questão de gênero é sustentada também pelo físico do homem. “Na cultura brasileira, os brasileiros têm que ser machos, viris e manter a construção dessa imagem. Então, eles também são vítimas e sentem essa obrigação se sustentar essa centralidade do corpo na vida”, avalia.
Fonte:http://br.rfi.fr/brasil/20180725-do-bumbum-vagina-por-que-brasileiras-sao-obcecadas-por-cirurgias-plasticas

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