quarta-feira, 8 de maio de 2013

Você é feliz no amor ou faz de conta?


O problema de 'fazer dar certo' o relacionamento.


Sempre que escuto alguém dizendo que resolveu “fazer o relacionamento dar certo” fico preocupada. Normalmente é uma frase que vem de pessoas com personalidade forte, cheias de opinião, energia e insegurança. Isso mesmo, insegurança.
Não são apenas as pessoas tímidas, caladas e que passam a maior parte do tempo sozinhas que se sentem inseguras em relação ao mundo e, principalmente, aos relacionamentos. A insegurança pega todo mundo, sem dó, sem fazer diferença e sem deixar escapar.
Ter um relacionamento feliz, amar e ser amado, dividir momentos, tudo isso é lindo e vale a pena. De olhos fechados. O problema é o que está por de trás da frase “fazer dar certo”.
Normalmente significa se anular. Esconder quem realmente é e passar a ser algo que o parceiro sempre sonhou. E é aí que está o erro. Você deveria ser, como é, o que a outra pessoa sempre sonhou. Você não deveria precisar mudar.
E aí o que acontece é uma sucessão de erros que, na verdade, destroem o relacionamento. Começa com deixar de sair sozinha. Isso é algo bastante comum nos relacionamentos, tão comum quando perigoso, já que normalmente uma das partes deixa de ter vida pessoal e a outra continua. Quem abre mão dos amigos depende somente do parceiro e o parceiro, mais cedo ou mais tarde, fica de saco cheio disso.
O próximo passo é mudar as roupas que sempre usou. Compartilhar senhas. Não falar mais com pessoas com quem você teve algum envolvimento romântico. Deixar que suas escolhas sejam pautadas pela felicidade do outro. E não há amor- próprio, principalmente – que sobreviva a isso.
Dizem que não falo sobre amor quando falo sobre relacionamentos, mas a verdade é que o conceito de amor em que acredito é diferente do que vemos frequentemente por aí. Amor é, antes de tudo, a si mesmo. Respeitar quem você é, sua verdade. E então você consegue amar outras pessoas e ser amado. Ao ser amado de volta você não precisa se adaptar ao molde que a outra pessoa quer, você é aceito e ajudado a crescer, melhorar, se tornar ainda mais incrível. Isso é amor.
Quando tem amor pode ter ciúme, mas não um ciúme castrador. Ninguém muda ninguém. Pode até transformar por um período de tempo, mas não muda de verdade. Uma hora as pessoas envolvidas notarão que aquilo não está funcionando. O motivo? Falta sinceridade. E essa é a base dos relacionamentos.
Muito mais do que ter alguém, as pessoas deveriam querer ter alguém que as respeite. E não há respeito nesse tipo de relação em que você precisa ser outra pessoa para seguir em frente. Sempre há distância entre a pessoa de verdade e a pessoa que imaginamos e isso não precisa mudar. Só não pode ser uma distância grande ao ponto de serem pessoas completamente diferentes.
Ao entrar num relacionamento desse tipo você nem nota o que está fazendo. E não percebe como o conceito de “fazer dar certo” é a maior besteira. Relacionamentos não devem ser sofridos, não devem ser uma luta diária. Uma relação deve dar prazer, você deve ter vontade de construir um mundo de vocês, mas sem apagar o seu mundo. Ser uma pessoa melhor não é ser outra pessoa.
Para ter um relacionamento duradouro é preciso trabalhar todo dia. Aparar arestas, conversar, sentir-se seguro e deixar o outro com a mesma sensação de tranquilidade. E também é necessário respirar. Isso, sim, é que faz uma relação dar certo. Ninguém é feliz numa bolha para sempre. E um relacionamento em que o “fazer dar certo” inclui se transformar em outra pessoa está fadado a deixar muita gente, inclusive o casal, mais infeliz do que qualquer outra coisa.
Ivanete Knaepkens

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